CNN — O governo da Venezuela fechou a fronteira do país com o Brasil nesta sexta-feira (10). A passagem de veículos está bloqueada pelo lado venezuelano na divisa com a cidade de Pacaraima (RR) desde que Nicolás Maduro tomou posse, na manhã desta sexta-feira (10), para mais um mandato de seis anos no comando do país, sob contestação de fraude da oposição.
A ação vai durar até a segunda-feira (13), conforme comunicou o Itamaraty. A diplomacia brasileira foi convidada para a posse e enviou a embaixadora em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira. Aliado histórico de Maduro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não comparecer ao ato mesmo sem ter sido convidado diretamente.
A Polícia Militar de Roraima informou que, apesar do fechamento, a movimentação de pedestres segue dentro da normalidade. Ressalta, no entanto, que houve uma “redução no fluxo migratório de entrada no Brasil”.
A Embaixada do Brasil informa que, em caso de emergência, cidadãos brasileiros poderão acionar os plantões consulares da Embaixada do Brasil em Caracas.
Madurou tomou posse para o terceiro mandato, em um pleito contestado internacionalmente. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificou como “lamentável” a posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo ele, ditaduras impedem o fortalecimento da democracia.
Também nesta sexta-feira, os Estados Unidos aumentaram a recompensa oferecida por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro, de US$ 15 milhões para US$ 25 milhões.
Em comunicado, o Departamento de Estado norte-americano acusa-o de ter fraudado as eleições no país. Segundo o governo dos EUA, Maduro está associado ao Cartel dos Sóis, uma organização de tráfico de drogas venezuelana. Ele teria participado de atividades ilícitas como a conspiração de narco-terrorismo com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Também há uma nova recompensa pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino, no valor de US$ 15 milhões (aproximadamente R$ 91 milhões).
O resultado duvidoso das urnas causou mobilização nacional, com mortos e presos. Falta de atas e de integridade eleitoral são apontados por especialistas como alguns dos motivos que ainda geram questionamentos sobre a posse tanto tempo após a ida às urnas.
“O governo disse que não divulgaria as atas e entregou um documento ao Conselho Nacional Eleitoral dizendo que aquilo ali valeria como resultado. Eles fizeram uma maquiagem política. As atas nunca foram divulgadas“, disse Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM.
“O Conselho Eleitoral da Venezuela não divulgou as atas originais e deu a vitória a Maduro. Quem tem o controle do aparato estatal é Maduro. Então a gente não tem documentos suficientes para comprovar nem a vitória e nem que houve fraude. Ele simplesmente enterrou o processo, botou uma pedra em cima, foi declarado presidente, fim de papo”.
Flavia Loss de Araújo, professora de Relações Internacionais da FESPSP