A aprovação de Lula (PT) caiu de 35% para 24% em dois meses, atingindo o menor nível de seus três mandatos, enquanto a reprovação subiu de 34% para 41%, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta (14).
Seu terceiro governo vinha mantendo estabilidade, com média de 36% de aprovação e 31% de reprovação nos levantamentos anteriores.
Seu antagonista principal na polarização brasileira, o antecessor Jair Bolsonaro (PL), tinha uma reprovação semelhante a essa altura de seu mandato, marcando 40% de ruim/péssimo. Sua aprovação, contudo, era melhor: 31%.
A queda da popularidade de Lula reflete crises recentes, especialmente a polêmica sobre a fiscalização de transações via Pix acima de R$ 5.000, que gerou críticas da oposição e fake news sobre uma suposta taxação. O governo recuou e trocou a chefia da comunicação, mas os problemas persistiram.
A inflação de alimentos e declarações polêmicas de Lula, como a sugestão de evitar compras caras, também contribuíram para a pior avaliação de sua trajetória presidencial, devidamente aproveitada pela mais ágil oposição.
Resultado: Lula colheu a pior avaliação de sua vida como presidente. Antes, havia atingido 28% de ótimo e bom em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, em seu primeiro mandato (2003-06). Já o maior índice de ruim e péssimo fora registrado em dezembro passado (34%).
Na parcela dos que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, a aprovação caiu de 44% para 29%. Eles representam 51% da amostra populacional do Datafolha, e a margem de erro no grupo é de três pontos percentuais apenas.
Nos 33% dos ouvidos que só têm ensino fundamental, o tombo foi também de 15 pontos: de 53% para 38%. Aqui, a margem de erro é de quatro pontos.
A aprovação também caiu fortemente entre eleitores de baixa renda e no Nordeste, tradicional reduto petista. Houve grande prejuízo, com o ótimo/bom deslizando de 49% para 33%, numa região que concentra 26% do eleitorado, com margem também de quatro pontos.
Aliados de Lula veem pesquisa como “bomba atômica”
A queda da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pegou de surpresa os aliados do mandatário. Auxiliares de Lula dizem que a pesquisa caiu como uma “bomba-atômica” dentro do governo.
Entre os principais problemas identificados pelos integrantes do executivo está o aumento do preço dos alimentos, o aumento do dólar e o impacto “extremamente” negativo da crise do Pix.
Outro ponto comentado é que o governo enfrenta uma crise de comunicação e as mudanças feitas por Lula na área, segundo esses aliados, são recentes e ainda não tiveram tempo para reverter esse cenário.
Para reverter os números divulgados nessa sexta-feira, o governo deve apostar em anúncios para a área social e na intensificação de agendas com entregas do governo com a participação do presidente.