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Mesmo sem encontrar o corpo, justiça denuncia homem por feminicídio

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Corpo não foi encontrado, mas dinâmica dos acontecimentos mostram que o homem teria matado a esposa, diz Ministério Público

O Ministério Público de Santa Catarina ingressou com uma ação penal pública por suposto feminicídio praticado pelo marido de Vanisse Venturi, desaparecida em julho de 2020, mesmo o corpo não tendo sido encontrado até hoje.

A prisão temporária do marido, Isonir Venturi, que foi efetuada em junho deste ano e cujo prazo encerrava neste final de semana, foi convertida em prisão preventiva.

De acordo com a denúncia, o suposto crime foi praticado diante da iminência de um divórcio litigioso, no qual Vanisse iria exigir metade dos bens do casal. Vanisse e Isonir ficaram casados por cerca de 20 anos e não tinham histórico de agressões.

Foi a partir da mensagem recebida da advogada da vítima, no final da tarde do dia 22 de julho de 2020, que o homem teria matado a esposa.

Segundo as investigações, a última vez que a mulher foi vista com vida foi quando o filho de um vizinho os observou dirigindo-se a um galpão ao lado da residência da família, por volta das 18h, pouco depois da mensagem da advogada.

A mesma pessoa, no entanto, viu só o homem sair do local, cerca de 30 minutos depois. Já o tênis que Vanisser teria usado quando se dirigiu ao galpão foi encontrado mais tarde na casa da família.

Em seguida, o acusado teria recebido a visita do cunhado, irmão da vítima, por volta das 19h20, a quem informou que a esposa não estava em casa.

Depois, diferente da rotina da casa, teria preparado o jantar para os filhos, informando que a mãe estaria no quarto, o qual chaveou por fora, com dor de cabeça.

Perto das 22h, sem saber que era observado pelo filho mais novo, de 12 anos, o homem pegou uma lanterna e saiu da casa. Em seguida, foi visto por um vizinho entrando novamente no galpão.

O objetivo, de acordo com a denúncia do Ministério Público, seria preparar o corpo e deixa-lo acessível ao irmão, Isael Venturi, que se encarregaria de ocultá-lo na madrugada.

Somente em 24 de julho de 2020, por volta das 8h, o marido achou por bem noticiar à Polícia Civil o “desaparecimento” de sua esposa em Agronômica, no Alto Vale do Itajaí.

Importante destacar que tanto o marido da vítima quanto seu irmão apagaram dos celulares todas as mensagens que trocaram após o suposto crime.

O marido da vítima foi denunciado por homicídio duplamente qualificado – pelo motivo torpe e pelo feminicídio. Ele e o irmão foram denunciados também por ocultação de cadáver.

Também foram deferidas outras medidas solicitadas pelo Ministério Público, como a quebra do sigilo telemático, bancário e fiscal do suposto autor do homicídio e medidas a fim de assegurar uma possível indenização dos filhos em R$ 5 milhões pela perda da mãe.

“Mesmo sem a localização do corpo, depois de uma exaustiva investigação, há fortes indícios de que a vítima teve sua vida ceifada no conforto de seu lar pelo seu marido, ressaltando-se que ele apresentou versões destoantes dos fartos elementos probatórios colhidos na fase administrativa”, completa o Promotor de Justiça.