Um homem que atuava como médico de resgate na Via Dutra (São Paulo – Rio), será denunciado ao Ministério Público por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão, informou o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
Segundo apurado até o momento, Gerson Lavísio usava um diploma falso, com um CRM (registro profissional) em nome de outro profissional e sequer cursou faculdade de medicina.
A descoberta aconteceu após a equipe de socorro ter sido acionada para atendimento de um grave acidente de trânsito no último domingo (13), na Via Dutra em em Lavrinhas (SP).
Um engavetamento entre três caminhões deixou um motorista preso nas ferragens, um homem de 36 anos. Durante o atendimento, Gerson Lavísio decidiu amputar a perna da vítima ainda na pista.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, após a medida, a equipe técnica do resgate acionou os policiais por estranharem a decisão e a falta de técnica para o procedimento.
A polícia então fez uma consulta sobre o médico e descobriu que ele apresentava um CRM cadastrado no nome de outro profissional e o levou à delegacia, onde admitiu que não tem registro de médico e nem faculdade de medicina.
O Cremesp informou que vai denunciar o falso profissional e abrir apuração contra a empresa que o contratou. Ele também é investigado pela Polícia Civil.
Ontem (15), tanto a concessionária, quanto a terceirizada responsável pela contratação de médicos, se disseram “surpreendidas”.
Gerson atuava como médico de resgate contratado no modelo prestador de serviço para a Enseg, que é terceirizada da concessionária CCR SP-Rio. Na contratação, segundo a empresa, ele apresentou cópia do diploma e um protocolo de abertura de pedido de CRM junto ao Cremesp feito em 9 de fevereiro deste ano.
Ele alegava ter se formado em 2021 em uma universidade em São Paulo.
Cremesp disse ainda que, por parte da empresa responsável pela contratação, houve imperícia e que o médico responsável pela empresa vai ser acionado em procedimento administrativo por infração ao código de ética médica.
A vítima de amputação, um motorista de 36 anos, seguia internado na terça-feira (15) na Santa Casa em Lorena.
Antecedentes
Em 23 de dezembro, ele foi flagrado em uma unidade de atendimento em um bairro da capital paulista, também tentando se passar por médico.
No boletim de ocorrência diz que ele foi contrato por uma empresa terceirizada de saúde, e que o diretor clínico suspeitou quando passou a ver erros nas fichas médicas. Quando foi flagrado, ele já tinha atendido pelo menos 15 pessoas no plantão.
No dia, ele também apresentou um CRM de outro médico. Com isso, foi levado à delegacia, mas o caso foi registrado como exercício ilegal da profissão, que tem pena menor de dois anos e, por isso, não foi preso.