AGÊNCIA BRASIL — O ministro da Justiça, Flávio Dino, desembarcou, na noite de domingo (19), em Natal, capital do Rio Grande do Norte, estado que enfrenta uma crise na segurança pública desde a última terça-feira (14). Na chegada, o ministro disse que, além de analisar medidas ainda necessárias para contenção dos ataques violentos, vai discutir, durante a visita, investimentos estruturantes no sistema penitenciário.
Dino apresentará, nesta segunda (20), um prognóstico da crise, além do montante a ser investido. “O Rio Grande do Norte é uma prioridade nacional no momento”, disse o ministro, que destacou ainda que já foram enviados cerca de 700 policiais das várias forças federais, o que representa um investimento de mais de R$ 5,3 milhões.
Dino afirmou ainda que o uso do mecanismo da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que inclui a convocação das Forças Armadas, não está sendo considerado neste momento, sobretudo, pela redução dos indicadores da crise.
“Na gestão de uma crise, você não pode ter posição dogmática, posição rígida. Você adequa o seu planejamento à necessidade. O Artigo 144 da Constituição Federal define o que é a segurança pública do Brasil, e isso não inclui as Forças Armadas. As Forças Armadas são uma espécie de remédio extremo quando o sistema de segurança pública federal e estadual entra em colapso absoluto, o que não é a situação que nós temos aqui no Rio Grande do Norte”, avaliou.
ATAQUES
Pelo menos 48 cidades do Rio Grande do Norte foram alvos de ataques criminosos nesta semana. Até este domingo (19), 259 ataques criminosos foram registrados no estado.
O terror começou na madrugada de terça-feira (14), quando prédios públicos e privados foram depredados, veículos incendiados e moradores das regiões ficaram em estado de pânico.
Criminosos, com armas em punho, expulsaram moradores e incendiaram casas. Uma idosa de 77 anos foi tirada da cama com uma arma apontada para a cabeça.
Para autoridades estaduais, os atos são uma retaliação do crime organizado a ações repressivas do governo, que resultaram em prisões nas últimas semanas.
O governo federal informou que o gatilho para os ataques foi a transferência de chefes do chamado “Sindicato do Crime” para fora do estado, em janeiro.
A organização é considerada pelas forças de segurança a principal facção do Rio Grande do Norte.
Além disso, para os ataques, o Sindicato do Crime teria se aliado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção de origem paulista. Fontes do governo dizem que o PCC exige melhorias nas condições das unidades prisionais.