telemedicina

Brasil dividido: 7 de Setembro é marcado por atos opostos sobre anistia

Avatar photo
São Paulo e Rio de Janeiro foram palco de atos simultâneos que evidenciaram a polarização política do país.

O feriado de 7 de Setembro foi marcado por manifestações políticas que dividiram o país. Em São Paulo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se concentraram na Avenida Paulista para pedir anistia ao líder da direita, que responde a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ato contou com cerca de 42 mil pessoas, segundo levantamento da USP.

No Rio de Janeiro, um ato com a mesma pauta ocorreu na orla de Copacabana. Os atos em defesa da anistia e de Bolsonaro também ocorreram em outras capitais. 

Simultaneamente, partidos e movimentos de esquerda organizaram protestos contra a anistia, inseridos na 31ª edição do Grito dos Excluídos.

Em São Paulo, os manifestantes pró-Bolsonaro exibiram uma grande bandeira dos Estados Unidos no meio da avenida. No Rio, na altura do posto 5, o ato durou cerca de duas horas e fez parte de uma mobilização nacional sob o lema “Reaja Brasil”.

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Os participantes carregavam bandeiras do Brasil, de Israel e dos EUA, além de faixas e cartazes com críticas ao Judiciário e em defesa da liberdade de expressão.

Mensagens de apoio ao presidente dos EUA, Donald Trump, e palavras de ordem contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro, foram comuns em ambos os locais.

Uma das faixas exibidas na manifestação trazia a frase: “Golpe é eleição sem Bolsonaro. Anistia já”.

Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília, não pode participar de eventos públicos, nem sequer por vídeo. 

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou às lágrimas na avenida Paulista, e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu marido, não vai desistir. “Nunca pensei que seria tão difícil estar aqui hoje com vocês”, afirmou. “Mas creio e tenho certeza de que a gente vai passar por isso e a Justiça do senhor vai reinar sobre a nossa nação”.

Em discurso repleto de alusões religiosas, Michelle reclamou das medidas cautelares decretadas pelo Supremo, como a vigilância policial no condomínio em que ela vive com o marido e as revistas no carro da família (cujo objetivo é evitar que Bolsonaro fuja).

“É muita humilhação que nós estamos vivendo”, disse. “Mas faz parte. A humilhação faz parte do processo. Nós vamos sair mais fortes. Não vamos desistir.”

Contraponto e Grito dos Excluídos

Em resposta aos atos bolsonaristas, a esquerda organizou suas próprias mobilizações. Em São Paulo, o protesto ocorreu na Praça da República, como parte do Grito dos Excluídos, evento que tradicionalmente ocorre no Dia da Independência para dar voz a pautas sociais. Ato contou com cerca de 8 mil pessoas, segundo levantamento da USP.

No Rio de Janeiro, os manifestantes também foram às ruas com cartazes contra a anistia aos que chamam de “golpistas” e com críticas ao presidente norte-americano, Donald Trump.

Ato em São Paulo — Foto: bruno.fernandes

Desfile Oficial em Brasília

Enquanto as ruas refletiam a divisão política, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do tradicional desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Ao lado da primeira-dama, Janja da Silva, Lula desfilou em carro aberto.

A cerimônia contou com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin, de ministros do governo e dos chefes das Forças Armadas. A ausência notada foi a dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que não compareceram ao evento.