Em meio à crise diplomática, a primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, usou as redes sociais nesta segunda-feira (19) para defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Orgulho do meu marido que, desde o início desse conflito na Faixa de Gaza, tem defendido a paz“, postou ela no X (antigo Twitter). “A fala [de Lula] se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises“, afirmou. “Tenho certeza que se o Presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, ele teria da mesma forma defendido o direito à vida dos judeus.”
Diz nossa primeira-dama que o presidente Lula teria defendido o direito à vida dos judeus caso tivesse vivido na época da Segunda Guerra. A pergunta é: por que não defende agora? Se não defende agora, teria defendido em outra época?
A declaração de Janja ocorre após o petista ser considerado por Israel como ‘persona non grata’, depois de comparar as ações de defesa israelense no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao Holocausto. Comparar o Holocausto a qualquer outro genocídio ou guerra é um tabu absoluto, principalmente saindo da boca de chefes de Estado.
“A declaração de Lula é absolutamente equivocada nos planos histórico, diplomático e político. Não há equiparação possível ao Holocausto, que foi organizado por um Estado contra uma determinada população. Foi um massacre. Não há precedentes na história”, avalia o diplomata e diretor de Relações Internacionais do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal Paulo Roberto de Almeida.
Especialistas apontam que o episódio aumentou a crise entre Brasil e Israel. O gesto de classificar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “persona non grata” , como fez Israel em reação à declaração do petista comparando ações israelenses ao extermínio de judeus, mostra a gravidade da crise entre os dois países e representa uma reprimenda para eventuais manifestações de líderes mundiais.
Na Etiópia, Lula deu declarações polêmicas depois da participação na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus“, afirmou o petista.
Depois da declaração de Lula, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou as declarações do presidente e afirmou que é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma “dura conversa de repreensão”.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração. Herzog disse que há uma “distorção imoral da história” e apela “a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações”.
O advogado especialista em direito internacional Bernardo Pablo Sukiennik argumenta que a classificação do brasileiro como ‘persona non grata’, como reação israelense, amplifica a crise gerada pelo petista. “Isso quer dizer que essa pessoa, no caso o Lula, não é mais bem-vinda em Israel. Não há previsão de visita ao Estado, mas com essa nomenclatura estão deixando claro que, enquanto o governo for liderado por Isaac Herzog e Benjamin Netanyahu, ele não é bem-vindo lá”.