Jair Bolsonaro (PL) negou nesta segunda-feira (25), ter conhecimento de um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alkmin, e o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, no final de 2022. Porém, disse temer ser preso pela questão.
“Não tinha um comandante… Vamos tirar da cabeça isso aí. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais, é um absurdo o que estão falando. Da minha parte nunca houve discussão de golpe”, afirmou.
“Essa história de assassinato de autoridades, no meu entender, foi jogado. Não cola isso daí. Não sou jurista, quando começa um crime ou termina. No meu entender, nada foi iniciado. Não podemos começar agora a querer punir um crime de opinião”, afirmou o ex-presidente durante entrevista a jornalistas no Aeroporto Internacional de Brasília.
Bolsonaro estava com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em São Miguel dos Milagres (AL) na casa do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL), há uma semana. Foi de lá que o ex-presidente acompanhou a Operação Contragolpe da Polícia Federal.
Questionado se poderia ser preso, Bolsonaro disse que a prisão pode acontecer “a qualquer momento”: “Eu posso ser preso ao sair daqui [do Aeroporto]”.
A fala de Bolsonaro foi na mesma linha de declaração do filho, Flávio Bolsonaro. Ao comentar o plano na semana passada, o senador afirmou que “pensar em matar alguém não é crime”. O ministro do STF Gilmar Mendes, rebateu Flávio e argumentou que o estágio dos planos descoberto pela PF aponta para “plano de execução, e não mera cogitação”.
Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciadas pela PF no dia 21 de novembo último, no inquérito que apura a tentativa de um golpe de Estado em 2022. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a Alexandre de Moraes, ministro relator do caso.
Nos próximos dias, Bolsonaro deve se reunir com advogados para discutir sua estratégia de defesa.
A interlocutores, Bolsonaro tem afirmado que o indiciamento era esperado e tem repetido que os próprios áudios do general Mario Fernandes indicam que ele não aderiu a um golpe.
Então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes era, dentro do governo, um dos que mais pressionaram por uma ação para impedir a posse de Lula. O general imprimiu duas vezes em seu gabinete no Palácio do Planalto o planejamento para a execução de um golpe.
“‘Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe’ [teria dito Bolsonaro]. Porra, negão. Qualquer solução, Caveira [apelido de Marcelo Câmara], tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né, sem quebrar cristais. Então, meu amigo, parti pra cima, apoio popular é o que não falta.”
A justificativa mais recorrente para negar participação na trama golpsita, segundo um importante aliado de Bolsonaro, era que “todo dia chegava um tabajara com ideias mirabolantes”, mas que o ex-presidente lembrava que qualquer medida precisaria de um Conselho da República para adotar qualquer medida.
A Constituição prevê que o presidente faça a convocação do Conselho da República apenas em casos de intervenção federal, Estado de Defesa e de Sítio, ou crise institucional.