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‘Posso fugir agora’, diz Bolsonaro sobre decisão de Moraes sobre passaporte

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O ex-presidente voltou a criticar a decisão do ministro do STF, de manter seu passaporte retido. Segundo Bolsonaro, isso não impediria uma fuga, caso ele quisesse sair do país.

Em entrevista à rádio Auriverde Brasil nesta segunda-feira (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou duramente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após ser proibido de viajar aos Estados Unidos para participar da posse do ex-presidente Donald Trump. A decisão, baseada na possibilidade de evasão da Justiça brasileira, também determinou a retenção do passaporte de Bolsonaro.

“Eu fui convidado [para a posse], apesar das fake news de alguns. A imprensa do mundo todo divulgou isso aí, como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu não pude ir para lá por causa da decisão de um juiz. Um que é o dono de tudo aqui no Brasil, é dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator, ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o juiz pra fazer parte da audiência, tudo ele. Tira o seu passaporte… eu não sou réu, pô. “Ah ele pode fugir”, eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir”, declarou o ex-presidente.

A proibição de viagem foi determinada por Moraes na última sexta-feira (17), sob o argumento de que há risco de fuga, considerando as investigações em andamento contra Bolsonaro. Durante o programa Os Três Poderes, da revista VEJA, Bolsonaro classificou os argumentos do ministro como uma “historinha” e afirmou que não possui condenações que justifiquem tal medida.

“Não tem uma condenação em cima de mim. O Supremo já autorizou gente condenada no passado a sair do Brasil. […] Eu estive na Argentina, saí do Brasil”, disse Bolsonaro, em referência à sua viagem à posse do presidente argentino Javier Milei, em dezembro de 2023.

Ironias

Bolsonaro relembrou que Lula, em 2018, tinha acabado de ser condenado em segunda instância, contudo obteve autorização para sair do Brasil. Ele iria à Etiópia. “Acabou não indo por outros motivos, mas o Supremo (STF) liberou ele, com duas condenações”, disse.

“E o que ele ia fazer na Etiópia? Um dos painéis do Lula era renovar parceria para acabar com a fome na África até 2025 […] Essa mesma historinha de combate à fome, pra dizer que tá ligado ao mais pobre […] que tá preocupado com o pobre que passa fome”.

Sobre o assunto, Bolsonaro ironizou: “E aí Lula, já estamos em 2025. Já acabou com a fome na África ou vai esperar até dezembro?”

O outro painel de Lula na África, segundo Bolsonaro, era vencer a luta contra a corrupção. “Um condenado […] pode isso? é uma falta de caratismo sem tamanho”.

Apoio de Trump

Sobre a posse de Donald Trump, Eduardo Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro representaram o ex-presidente na cerimônia de posse. Bolsonaro afirmou estar “constrangido” pela situação e disse esperar apoio do republicano para reverter sua inelegibilidade política.

“Com toda certeza, se ele [Trump] me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, afirmou.

Questionado sobre quem apoiaria para Presidente da República nas próximas eleições se ele não conseguir reverter a inelegibilidade, Bolsonaro foi taxativo: “Se não reverter é porque não há democracia no Brasil”.