O preço do ovo de galinha disparou no Brasil, atingindo o maior valor da série histórica, segundo pesquisa do Cepea/Esalq-USP. A caixa com 30 ovos brancos do tipo extra teve um aumento de 51,38% no valor nominal.
Diante da alta nos preços, o presidente Lula anunciou que pretende conversar com empresários para buscar soluções e reduzir o valor do alimento. Ele atribuiu o aumento a fatores como as altas temperaturas e o crescimento da demanda, além de eventos climáticos extremos como o calor intenso, os incêndios e as fortes chuvas no Rio Grande do Sul.
“Nós queremos discutir com os empresários, que nós queremos que eles exportem, mas não pode faltar para o povo brasileiro. Eu sei que o ovo está caro. E nós vamos ter que fazer uma reunião com os atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo”, disse o presidente.
Em meio à alta dos preços, Lula mencionou que tem consumido ovos de ema. Na semana passada, durante agenda no Amapá, o presidente resolveu dar um exemplo para o brasileiro economizar.
Ao abordar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Lula afirmou que, enquanto outras nações exploram esse recurso na região, o Brasil não pode se contentar apenas com pão e água. “A gente também gosta de pão com mortadela, gosta de coisa boa”, disse.
“Eu estou comendo agora sabe o quê? Ovo de ema, que equivale a 12 ovos de galinha. Eu fui pesquisar se podia comer e eu posso comer, porque tenho 70 emas lá no Palácio da Alvorada e elas botam ovo do tamanho da cabeça de vocês”.
A declaração gerou polêmica e motivou o deputado Kim Kataguiri a protocolar uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR), alegando crime ambiental.
A representação de Kataguiri cita o artigo 29 da lei 9.605 de 1998, que trata de crimes ambientais envolvendo a fauna silvestre e estabelece pena de multa e detenção para quem utiliza ovos de fauna silvestre sem autorização.
No entanto, especialistas em direito ambiental afirmam que a criação de emas no Palácio do Planalto é antiga e tem autorização do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis), o que pode configurar uma exceção para o consumo dos ovos.
“É muito provável que a representação não dê em nada e se transforme numa batalha política”, diz Oscar Couto, especialista em direito ambiental.
Alta no preço dos alimentos
Enquanto a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou em 4,83% no ano passado – já acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional de 3% –, a inflação dos alimentos alcançou 7,69%.
Esse aumento expressivo nos preços da comida tem gerado um sentimento generalizado de que as compras no mercado estão mais caras, refletindo na percepção negativa da população sobre a situação econômica do país.
A situação tem atingido a popularidade do presidente. A aprovação de Lula atingiu o pior índice nos três mandatos, registrando apenas 24%, segundo pesquisa Datafolha divulgada na última semana.
Essa queda se deve, principalmente, à inflação dos alimentos, que tem impactado diretamente o bolso dos brasileiros.
Queda do preço da carne
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo, o preço da carne bovina vem apresentando queda. O presidente Lula se disse confiante quanto à redução do valor desse item.
“A carne começou a cair. Pode ficar certo que vai cair e o povo vai voltar a comer a sua picanhazinha, a sua costela, outro pedaço de carne que ele deseja. Nós queremos baixar todo o alimento. Agora, quando você tem momentos como esse que nós estamos vivendo, você obviamente que não consegue controlar do dia para a noite, mas pode ter certeza que nós vamos trazer o preço para baixo e as coisas vão ficar acessíveis”.