Um médico, suspeito de matar pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, foi indiciado pela Polícia Civil. A investigação aponta que profissional teria cometido oito homicídios entre 2017 e 2019. A defesa nega os crimes e disse que a acusação é equivocada.
A suspeita é investigada desde o ano passado, quando denúncias de que o médico Gustavo Deboni teria abreviado a vida dos pacientes usando medicamentos ou desligado aparelhos mantinham os doentes vivos.
Em agosto de 2020, o Conselho Regional de Medicina (CRM) proibiu temporariamente o médico de exercer as funções. Em dezembro, no entanto, a decisão foi revogada.
Em janeiro deste ano, foi cumprida busca na residência do médico. Foram apreendidos os “logs” do sistema do hospital e alguns documentos. Houve também, por parte do Poder Judiciário, a fixação de medida cautelar da proibição do exercício da medicina em desfavor do médico. Ele também segue proibido de ministrar aulas e atuar na gestão/administração de hospitais.
A representação contra o médico chegou ao Ministério Público em março do ano passado por meio da Univali, onde ele era professor do curso de Medicina. O profissional aguarda o processo em liberdade.
Investigação
De acordo com o Ministério Público (MPSC), os indícios de que o médico teria abreviado a vida dos pacientes em questão foram apontados após análise de 19 prontuários, feita pelo Conselho Regional de Medicina, a pedido do (MPSC).
Esses pacientes, no período investigado, teriam sido atendidos pelo profissional no dia em que morreram ou tiveram a morte declarada por ele. São apuradas também outras infrações disciplinares, que não foram informadas.
O Ministério Público acompanha o caso desde março do ano passado, quando recebeu uma representação encaminhada pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), onde o médico era professor do curso de medicina. Foi instaurado inquérito civil que tramitou em sigilo e, desde então, foram ouvidas testemunhas e solicitada ao CRM a análise técnica dos prontuários.
“A Autoridade Policial encaminhou ao Ministério Público o inquérito policial referente ao caso, supostamente concluído, o qual ainda está sob análise do Promotor de Justiça Luis Eduardo Couto de Oliveira Souto, por se tratar de fatos complexos, que demandam minuciosa análise de diversos prontuários médicos e das perícias juntadas até o momento”, informou o MPSC.
Em nota, a advogada de defesa, Louise Mattar Assad afirmou “ficará provado no curso dos processos que trata-se de equivocada acusação”. “O próprio CFM, reconheceu a ilegalidade e falta de veracidade das acusações e restituiu ao médico Gustavo o direito de exercer a medicina”, disse.