Terra Yanomami registra 14ª morte violenta; mulher é encontrada com sinais de enforcamento

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A vítima estava despida, tinha sinais de violência sexual e de enforcamento. Cadáver foi removido pela Polícia Federal com apoio dos Bombeiros — Foto: Arquivo pessoal

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Área marcada por garimpo ilegal, violência sexual de mulheres e crianças, ameaças de morte. Assim é definida a Terra Yanomami. Entidades indigenistas e socioambientais denunciaram uma “tragédia humanitária” em curso na Terra Indígena Yanomami, durante audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados em julho do ano passado.

A área, que ocupa partes dos estados de Roraima e Amazonas, é palco de desmatamento, destruição do leito dos rios, contaminação por mercúrio, aumento dos casos de malária, acirramento de conflitos e violência, perda da soberania alimentar e desnutrição infantil. Agora, também de mortes.

Neste sábado (6), uma mulher, ainda não identificada, foi encontrada morta com sinais de violência na Terra Yanomami. Com mais este óbito, a região chega ao registro 14 mortes violentas em uma semana – um indígena e 12 garimpeiros.

O corpo estava próximo à uma cratera onde oito garimpeiros foram assassinados esta semana, na região da comunidade Uxiu, área com forte presença de garimpo no território.

A vítima estava despida, tinha sinais de violência sexual e de enforcamento. O cadáver dela foi removido para o Instituo Médico Legal (IML) em Boa Vista pela Polícia Federal e Bombeiros.

A suspeita dos investigadores que atuam no caso é a de que ela trabalhava para garimpeiros e pode ter sido morta no mesmo ataque que resultou na morte dos oito garimpeiros encontrados na cratera.

A suspeita é que a mulher encontrada morta neste sábado era uma venezuelana que tinha um filho e marido garimpeiros, também assassinados na Terra Yanomami – todos estavam na região havia dois anos. Agora, os corpos dos três passam por exames de necrópsia no IML. Familiares dela estão Instituto e esperam pela identificação oficial.

Ainda não se sabe, no entanto, se o marido e o filho estão entre os garimpeiros encontradas na cratera. A PF ainda não divulgou a identificação de todos os mortos e o IML não tem autorização para informá-los à imprensa.

14 mortes em uma semana

No sábado passado, dia 29, garimpeiros armados abriram fogo contra a comunidade Uxiu. Três indígenas foram baleados e um deles morreu – ele era o agente de saúde Ilson Xiriana, de 36 anos, que levou um tiro na cabeça. Os outros dois estão internados em Boa Vista.

Depois, em outra região, garimpeiros armados atiraram contra agentes da Polícia Rodoviária Federal e Ibama numa fiscalização em Waikás, no garimpo conhecido como “Ouro Mil”. Houve troca de tiros, e quatro garimpeiros morreram – entre eles, o integrante de facção Sandro de Moraes Carvalho, de 29 anos – apontado como um dos chefes de área de garimpo comandada pelo grupo criminoso na Terra Yanomami.

Na segunda-feira (1º), foram encontrados os corpos de oito garimpeiros. Os cadáveres estavam dentro de uma cratera próxima da comunidade Uxiu, onde houve o ataque que resultou na morte do indígena.

*Com informações do G1 – Rede Amazônica