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Prefeituras vão distribuir vermífugo à população para combater a Covid-19

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Em Itajaí, prefeitura vai distribuir ivermectina para prevenir coronavírus. Foto: Prefeitura de Itajaí / Divulgação

As Prefeituras de duas cidades catarinenses, de Itajaí, e de Biguaçu, anunciaram que será distribuída à população o medicamento Ivermectina, um vermífugo que faz parte do grupo dos antiparasitários com ação em vários vermes e parasitas.
Entre elas estão a infestação por piolhos, sarna, ácaros e até lombrigas.

No site oficial da prefeitura de Itajaí consta que \”a intenção é oferecer o remédio como tratamento precoce a todos os moradores, para prevenir e atenuar as infecções causadas pelo coronavírus\”.

Para enfrentamento à COVID-19 decidimos utilizar a ivermectina como tratamento precoce e profilático. Esse medicamento tem potencial de prevenir e amenizar infecções por coronavírus, além de ser um remédio seguro, que já é amplamente usado”, comentou o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni.

O remédio seguro, a que se refere o prefeito, não foi utilizado para testes em humanos ou em animais para comprovar a eficácia na diminuição da multiplicação do vírus, somente teste in vitro, contra o vírus causador da Covid-19.

Em Itajaí a distribuição para a população começa nesta terça (7) e em Biguaçu deve ocorrer também nesta semana. Em Itajaí, a prefeitura investiu mais de R$ 1 milhão na compra do medicamento. O valor da compra em Biguaçu não foi detalhada.

Além de Ivermectina, a prefeitura anunciou também o uso de hidroxicloroquina no tratamento de coronavírus.

A eficácia [do antiparasitário] não é comprovada em seres humanos e ainda são necessários estudos científicos para apontar os benefícios e segurança aos pacientes, diz a Sociedade Brasileira de Infectologia.

A prefeitura de Itajaí comprou um milhão de comprimidos. A intenção é tratar 100 mil pessoas. Os moradores que não apresentam sintomas e têm interesse em fazer o tratamento preventivo poderão procurar um centro que será montado especialmente para isso.

Já segundo a prefeitura de Biguaçu, os medicamentos só serão recomendados se os médicos avaliarem que os pacientes serão beneficiados. 

O morador da cidade que for usar algum dos medicamentos também vai precisar assinar um termo de consentimento.

O Conselho de Medicina diz que é necessário que haja autonomia para que os médicos prescrevam o medicamento que considerarem adequado e reforçam que, apesar do uso, não há nenhuma comprovação de eficiência no tratamento contra a Covid-19.

DELÍRIO

O infectologista e sanitarista Marcelo Araújo Campos, professor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), em Ouro Preto, classificou o uso como \”um delírio\”.

Não tem indicação de utilidade, nada que justifique que o médico deva prescrever e, mais ainda, a população usar como forma preventiva. É desespero, falta de orientação e de seriedade de quem deveria ser referência. Por parte da população em geral é compreensível. Por parte de quem deveria ser referência de lucidez e ciência, é mau sinal.\”

O presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Fábio Gaudenzi, em entrevista à rádio CBN, disse que \”nenhum desses medicamentos (hidroxicloroquina e o antiparasitário) têm, até o momento, evidência robusta de que possam reduzir a evolução das formas graves da doença. 

Porém, há um parecer do Conselho Federal de Medicina válido para cloroquina, que permite ao profissional administrá-la, após discussão conjunta com o paciente e mediante a assinatura de um termo de consentimento, deixando claro ao infectado que o remédio ainda não possui eficácia garantida contra a Covid-19 e pode causar efeitos colaterais.

Medicamento é usado para combater vermes e parasitas e não tem nenhuma comprovação de eficácia em humanos para tratar o coronavírus.