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Autor de ataque a creche em Saudades ‘só queria fama’, diz MPSC

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Ministério Público requer punição exemplar para o jovem denunciado por 19 homicídios triplamente qualificados, sendo cinco homicídios consumados e 14 tentados.

O autor do ataque à creche Aquarela, de Saudades, foi denunciado, em uma ação penal pública, por 19 homicídios triplamente qualificados, sendo cinco homicídios consumados e 14 tentados, nesta sexta-feira (21).

“Um crime vil e cruel praticado por motivo torpe, contra crianças menores de dois anos e educadoras que não tiveram a mínima chance de se defender, vítimas de um homem covarde que planejou as mortes durante 10 meses”, aponta a denúncia do Ministério Público.

Segundo os Promotores de Justiça, a partir das investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, que envolveram, inclusive, a quebra do sigilo de dados do computador do denunciado e de seu celular, ficou claro que o crime foi planejado por pelo menos 10 meses e a única motivação do autor foi a busca de fama.


As informações obtidas pela quebra do sigilo dos aparelhos eletrônicos demonstram que durante o período em que planejou o ataque, o jovem participou de fóruns de discussão na internet sobre crimes violentos, pesquisou serial killers e tentou comprar armas de fogo.

Segundo Dellazari, o autor do ataque à creche pesquisou sobre a volta às aulas presenciais no município de Saudades e sobre a creche Aquarela, procurando o alvo mais fácil para executar o seu plano, pois ele não conseguiu comprar armas de fogo, apenas facas.

Para os Promotores, isso comprova que ele agiu de forma cruel e covarde além de ter premeditado o crime de maneira a reduzir as chances de defesa das vítimas.

As investigações apuraram que ele pesquisou, também sobre chacinas cometidas em escolas com o uso de facas e outras armas brancas.

No ataque, duas educadoras e três crianças morreram, e uma quarta criança foi gravemente ferida, mas sobreviveu, após ser socorrida e levada ao hospital.

O que levou os Promotores de Justiça a denunciar o autor por cinco homicídios e 14 tentativas de homicídio foi a comprovação de que, além das cinco vítimas fatais e do bebê que foi socorrido, ele tentou matar outras 14 mulheres e crianças, que só escaparam do massacre porque ele não conseguiu entrar nas salas em que essas pessoas estavam, mesmo após diversas tentativas de arrombamento de portas e janelas.

Ele tentou matá-las, mas as mulheres que cuidavam das salas conseguiram bloquear portas e janelas e uma, inclusive, ficou ferida ao evitar a entrada do assassino por uma janela.

O Subprocurador-Geral de Justiça afirmou que o Ministério Público atuará no processo de maneira a perseguir uma punição exemplar ao autor dos crimes, pois nada pode justificar um ato tão vil, cruel e covarde contra pessoas indefesas e crianças tão pequenas, com menos de dois anos de idade.

A dinâmica do crime

Segundo o promotor Douglas Dellazari, o denunciado saiu do trabalho por volta das 9h15min da manhã, quando faria seu intervalo, e foi para casa, onde fez um lanche, colocou duas facas altamente lesivas – uma de uso militar e outra de uso em vegetação densa – na mochila, pegou a bicicleta e se dirigiu até a cheche.

No educandário, entrou sem dificuldades e se dirigiu ao saguão, onde conseguiu fazer um reconhecimento de área.

Enquanto se preparava para iniciar o ataque, foi abordado por duas professoras, as primeiras a serem esfaqueadas. Uma morre no local. A outra aguarda socorro no local, gravemente ferida, e morre no hospital. 

Em seguida, o suspeito se dirige para três salas de aula, na busca por vítimas mais vulneráveis. Ele tenta acessar as classes, com chutes e empurrões, enquanto funcionárias tentam o impedir, conta o promotor. O suspeito segue para outros anexos da escola, atrás de pessoas para ferir, até chegar a mais uma sala. 

Ele bate com a faca nos vidros da janela, espalhando ainda mais pânico e (de onde estava) encherga mais uma profissional. Então retorna ao maternal três, onde encontra quatro crianças desassistidas, porque a profissional tinha saído para chamar socorro, uma já estava morta e a outra agonizando. Com múltiplos golpes, fere as crianças.

Populares acessam a escola e um deles, consegue resgatar duas, das quatro crianças do maternal três. Uma delas, morre no hospital. A outra sobrevive. O acusado então sai da creche e se depara com um grande número de pessoas, armadas com barras de ferro e finalmente é detido. 

O autor do ataque à creche tem 18 anos e morava em Saudades com os pais e uma irmã. Segundo o delegado Jerônimo Marçal, responsável pelas investigações, ele era uma pessoa quieta e nos últimos meses se isolou da família. O jovem ficava a maior parte do tempo no quarto e não participava nem mesmo das refeições com os familiares.

Ele foi levado ao Presídio Regional de Chapecó após alta hospitalar, no dia 12 de maio.

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