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Claudio Dalledone Junior é condenado por desvios de indenizações de pescadores no Paraná

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Advogado foi condenado a 11 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entanto poderá recorrer em liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica.

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A 1ª Vara Criminal de Paranaguá (PR) condenou 14 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Paraná por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e apropriações indébitas de indenizações pagas a pescadores.

De acordo com a decisão judicial, todos os condenados estariam envolvidos em um esquema fraudulento que desviou recursos de indenizações pagas pela Petrobras a centenas de pescadores prejudicados por dois acidentes ambientais ocorridos em 2001.

Os incidentes obrigaram os pescadores a deixar de trabalhar por longos períodos, o que levou a Justiça a determinar o pagamento das indenizações.

A sentença foi publicada nesta sexta-feira (5), e responde a denúncia oferecida a partir da Operação Tarrafa, que apurou os crimes praticados.

Entre os condenados está o famoso e polêmico advogado criminalista Claudio Dalledone Junior. Segundo o Ministério Público do Paraná, ele representava o grupo e tinha conhecimento dos esquemas milionários de corrupção.

Dalledone ficou conhecido em Canoinhas por representar Luiz Alberto Benso, acusado de ser o mandante do crime contra Sergio Roberto Lezan, ex-secretário de Obras de Major Vieira, e mais recentemente por fazer a defesa de Nelvir Gadens, apontado como mandante do assassinato de Cláudio Herbst, ocorrido em 2021, em Canoinhas.

Outras treze pessoas foram condenadas na Operação Tarrafa

Além de Dalledone, outras treze pessoas foram condenados no processo que investiga desvios de indenizações de pescadores. As apurações comprovaram que os crimes foram praticados pelos envolvidos – entre eles, um juiz aposentado e um então escrivão da Vara Cível – nas dependências do Fórum de Paranaguá.

Segundo decisão, por saber da existência do esquema, Claudio Dalledone Junior foi condenado a 11 anos, um mês e 22 dias de reclusão em regime inicial fechado, além de multa, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entanto, o advogado poderá recorrer em liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica.

Segundo as investigações, o juiz aposentado Hélio Tsutomu Arabori, o cartorário Ciro Antônio Taques, o servidor público Arival Tramontin Ferreira Júnior e o advogado Marcos Gustavo Anderson eram os mentores da quadrilha acusada de se apropriar de indenizações pagas pela Petrobras a pescadores após dois desastres ambientais na cidade entre 2001 e 2004.

O advogado Claudio Dalledone Junior representava o grupo e, segundo, o Ministério Público do Paraná tinha conhecimento dos esquemas milionários de corrupção, por isso foi incluído no processo.

“O denunciado CLAUDIO, conforme declinado pela acusação e comprovado pela prova documental, especialmente, a partir da divisão do grupo inicial de rateio, passou a representar os interesses do grupo formado por ARIVAL, CIRO, HÉLIO, e MARCOS, com plena ciência da ilicitude das vantagens por eles auferidas, e contribuiu para a “lavagem” do dinheiro mediante a intermediação da elaboração de instrumento particular de cessão de créditos formalizado entre CRISTIANE e empresa MGA, contrato esse que não passou de mera simulação para que fossem possível o repasse dos valores rateados os respectivos destinatários”, diz a denúncia.

“Não sou ladrão, nunca peguei dinheiro de ninguém”, diz Dalledone

Dalledone Junior convocou uma coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira (05), para falar sobre a sua condenação no processo. Ele disse que é inocente, que a sentença é “absurda sob qualquer ponto de vista” e que irá recorrer da decisão.

“Absurda essa sentença condenatória em meu desfavor que ainda me obriga a colocar uma tornozeleira. Vou entrar com uma ordem de habeas corpus possivelmente… Ou não, também não tenho receio de enfrentar aquilo que a Justiça determinar, mas sou inocente. Não sou ladrão, nunca peguei dinheiro de ninguém, não preciso pegar dinheiro de pescador. Sem pé, nem cabeça essa sentença e que vai ter seus efeitos reconsiderados pelas instâncias superiores”, defendeu Dalledone.

Uma nota oficial também foi publicada no Instagram:

O advogado Claudio Dalledone Júnior manifesta total surpresa com o fato de estar incluído no rol da referida decisão já que ele não tem, absolutamente, qualquer relação com os fatos investigados. Dalledone apenas atuou como advogado de um dos envolvidos, profissão que exerce com retidão há mais de 30 anos. E tão somente isso. Dalledone está muito tranquilo e tem plena confiança que o Poder Judiciário do Paraná vai reverter esta decisão e trazer à tona a verdade sobre os fatos.”

O advogado disse também que acredita que o caso trata-se de uma revanche organizada por desafetos seus e que a Justiça “engoliu” a versão deles.

*Com informações do Ministério Público do Paraná