Em Canoinhas, uma sessão tensa do Tribunal do Júri que durou seis dias, deu fim a um dos crimes que mexeu com o dia a dia da cidade desde 2021. Após seis dias e mais de 144 horas, uma das mais extensas sessões do Tribunal do Júri de que se tem notícia em Santa Catarina, os três réus foram condenados a penas que variaram de 19 a 21 anos de reclusão em regime fechado.
Três Promotoras de Justiça, Ana Maria Horn Vieira Carvalho, Andréia Tonin e Daniela Böck Bandeira, atuaram contra uma banca de mais de 10 advogados de defesa do vizinho Estado do Paraná, liderados pelo advogado criminalista Claudio Dalledone.
A sessão foi presidida pelo juiz Eduardo Veiga Vidal, titular da Vara Criminal de Canoinhas.

O crime contra Cláudio Roque Andrezevski Herbst, 27 anos, ocorreu em 15 de abril de 2021. Os acusados de sua execução, Marcio Gabriel Mariano e Ademir Alves, foram presos pela Polícia Civil de Canoinhas poucas horas após o fato.
A vítima chegou a ser socorrida e submetida a procedimento cirúrgico para a retirada de 9 cápsulas em seu corpo, porém não resistiu aos ferimentos provocados pelos disparos de arma de fogo e morreu horas.
O mandante, Nelvir de Jesus Gadens, acabou preso dias depois, a partir da decretação de sua prisão preventiva pelo juízo da Vara Criminal daquela comarca. Todos permaneceram custodiados durante o transcurso do processo.
A acusação sustentou a tese apresentada desde o início da ação penal: execução mediante paga ou promessa de recompensa, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Com relação ao mandante, alegou também motivo fútil porque, de acordo com a denúncia, ele mandou matar a vítima em razão de esta ter iniciado relacionamento com sua ex-namorada, de modo que agiu movido pelo sentimento de posse ou propriedade sobre a ex.
Já a defesa dos acusados concentrou seu foco na atuação investigatória promovida pela Polícia Civil, considerada pelos advogados como falha e insatisfatória. Embora tenha apontado erros de procedimento a partir da análise detalhada dos trabalhos dos policiais civis, a defesa não teria apresentado nenhum documento a respeito disso aos jurados.
Reunido em sala secreta, o Conselho de Sentença, por maioria, acolheu integralmente a tese sustentada pelo Ministério Público e, na sequência, a sentença condenatória foi lida pelo juiz presidente, já na noite de sábado.
O réu, Nelvir Gadens, apontado de ser o mandante do crime, recebeu a pena de 21 anos, sete meses e seis dias de reclusão em regime fechado. Já Marcio Gabriel Mariano e Ademir Alves, executores do crime, cada um recebeu a pena de 19 anos, dois meses e 12 dias e 19 anos, um mês e 18 dias de prisão em regime fechado.
Eles foram, ainda, condenados, cada um deles, ao pagamento de 100 mil reais aos sucessores da vítima como reparação mínima ao mal causado e pela gravidade do crime.
Relembre o caso
A denúncia do Ministério Público relata que, em 15 de abril de 2021, por volta das 19 horas, no Centro de Canoinhas, três réus, um deles, o mandante do crime, mataram a vítima com cerca de nove tiros.
De acordo com o apurado pelas autoridades policiais, um veículo com dois dos réus teria parado próximo à residência da vítima. Eles teriam sido contratados para cometer o ato criminoso.
Conforme a denúncia, um deles permaneceu no veículo para dar agilidade à fuga e garantir a execução do crime, enquanto o segundo desceu e foi em direção à vítima, disparando diversas vezes contra ela.
Segundo destaca a ação penal pública, “o réu, mandante do crime, agiu por ciúmes, pois a ação criminosa foi praticada em razão do sentimento de posse que detinha em relação a sua ex-companheira, atual companheira da vítima”.