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INCA quer proibição de comércio de cigarros com filtros

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Documento do Instituto Nacional de Câncer aponta que filtros não protegem fumantes, aumentam risco de tipos agressivos de câncer e geram toneladas de microplásticos tóxicos.

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O Instituto Nacional de Câncer (INCA) assumiu um posicionamento contundente e histórico nesta semana: é imperativo que o Brasil proíba a comercialização de cigarros com filtros.

A maioria dos filtros é feita de acetato de celulose, um tipo de plástico que demora até 15 anos para se decompor — Filtros de cigarros (Foto: Reprodução)

A recomendação consta no documento Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer Acerca dos Filtros de Cigarros e seus Danos à Saúde e ao Meio Ambiente, que classifica o acessório como uma “fraude da indústria” e uma emergência de saúde pública e ambiental.

Segundo o Instituto, ao contrário do que o marketing da indústria do tabaco sustentou por décadas, os filtros não trazem benefícios à saúde. Pelo contrário: eles podem aumentar os riscos de doenças graves e criar uma falsa percepção de segurança no usuário.

A “Fraude” do filtro marrom

O documento do INCA descreve os filtros, introduzidos massivamente na década de 1950, como uma das maiores estratégias de marketing da história. A tecnologia foi projetada para mudar de cor — do branco para o marrom — durante a queima.

Essa alteração visual serve apenas para dar ao fumante a impressão de que as substâncias tóxicas estão sendo retidas ali. No entanto, o INCA afirma que isso é uma falácia. O filtro funciona como um mecanismo para facilitar a iniciação ao fumo e dificultar a cessação, perpetuando a epidemia do tabagismo.

Risco aumentado de câncer

As evidências científicas compiladas pelo Instituto mostram que os filtros não apenas falham em proteger, como alteram a forma como o cigarro é consumido, gerando novos perigos.

A introdução de filtros ventilados (com pequenos furos imperceptíveis) faz com que o fumante modifique seu padrão de tragada. Para obter a concentração de nicotina desejada, o usuário realiza uma sucção mais forçada e profunda — um fenômeno conhecido como “compensação”.

Essa inalação leva as partículas de fumaça e substâncias cancerígenas para áreas mais remotas e profundas dos pulmões. O resultado direto disso, segundo o INCA, tem sido o aumento nas taxas de adenocarcinoma pulmonar, um tipo de câncer agressivo que se desenvolve nessas regiões periféricas do órgão.

Desastre ambiental: Plástico e Veneno

Além dos danos diretos ao ser humano, o filtro do cigarro é apontado como o item de lixo mais comum em todo o mundo.

  • Volume: Estima-se que 4,5 trilhões de bitucas sejam descartadas anualmente, totalizando 845 mil toneladas de resíduos.
  • Material: A maioria dos filtros é feita de acetato de celulose, um tipo de plástico que demora até 15 anos para se decompor, fragmentando-se em microplásticos que contaminam o solo e oceanos.

O impacto químico é devastador. Cada bituca contém uma mistura de mais de 7.000 compostos tóxicos, incluindo metais pesados como chumbo, cádmio e arsênico. Estudos citados pelo INCA indicam que uma única bituca pode contaminar até 1.000 litros de água, liberando substâncias letais para peixes e microinvertebrados.

Recomendação

Alinhado às diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o INCA defende que banir os filtros é uma medida urgente.

“É preciso responsabilizar a indústria do tabaco pelos danos que ela causa e avançar para um futuro livre de tabaco e da poluição plástica que os produtos geram”, conclui o documento. A proibição eliminaria a falsa sensação de segurança dos consumidores e removeria uma das maiores fontes de poluição plástica do planeta.

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