*Após o bebê ter sido encontrado, o Canoinhas Online não irá divulgar o rosto e o nome do menino para preservar a identidade dele, em respeito ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O bebê que desapareceu em Florianópolis foi encontrado em São Paulo na tarde de ontem (8). A Polícia Civil informou que o homem e a mulher encontrados junto com o menino não são um casal. De acordo Ulisses Gabriel, delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, ele seria o aliciador e ela a pessoa que iria adotar. O caso ganhou repercussão nacional.
A Polícia Civil disse que Marcelo Valverde aliciou a mãe do menino, de 22 anos, para uma adoção ilegal. Ele é apontado como intermediador da entrega da criança a Roberta Porfírio, mulher que também foi detida e que ficaria com o garoto. Durante interrogatório realizado na Polícia Civil de São Paulo na noite de segunda, eles ficaram em silêncio.
As informações são da coletiva de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina que aconteceu na tarde desta terça-feira (9), em Florianópolis.
Quando foram detidos, a mulher apresentou a certidão de nascimento do menino e informou que eles se dirigiam ao Fórum para regularizar a situação. Os policiais acompanharam os dois até o Fórum e confirmaram que a Promotoria de Justiça aguardava pelo homem e pela mulher. Uma advogada de Roberta também estava no local.
A delegada Sandra Mara Pereira, que preside o inquérito, relatou que em função da repercussão do desaparecimento do menino, essas duas pessoas entraram em contato com o Fórum de São Paulo para tentar entregar a criança.
Conforme a delegada Sandra Mara, da Polícia Civil de Santa Catarina, a mãe, uma jovem de 22 anos, “tem uma fragilidade emocional e psicológica muito grande”.
“Ela foi convencida [a entregar a criança] por conta da fragilidade”. Ela é muito jovem, ficou grávida com 19, 20 anos. Não tem um emprego. Ela tem alguns cursos, mas essa fragilidade emocional e psicológica dela dificulta a inserção no mercado de trabalho”, informou durante a coletiva.
Segundo a delegada, a mãe do menino e o homem preso teriam se conhecido quando ela entrou em grupos sobre gravidez nas redes sociais, depois que descobriu a gestação. Os dois trocavam mensagens pelo telefone.
Em um primeiro momento, a mãe negou entregar a criança, mas dois anos depois decidiu fazer a entrega de forma espontânea. Ainda, segundo a polícia, a mulher é bastante jovem, já foi vítima de violência e tem saúde mental frágil.
A polícia acredita que os suspeitos se aproveitaram do estado de vulnerabilidade da mãe da criança para conseguirem o bebê.
A investigação irá apurar se a mãe foi paga para entregar o bebê para a dupla. Ainda segundo a delegada, a jovem nega ter tido qualquer vantagem financeira. Apesar da entrega voluntária, o Código Penal descreve como crime o ato de registrar o filho de outra pessoa como próprio.
A jovem foi internada em 2 de maio. Ela recebeu alta na segunda. Não há informações sobre o motivo da internação. A polícia também não deu esclarecimentos sobre o pai do menino, que é registrado apenas com o nome da mãe.
O secretário de Segurança Pública informou que a partir de agora a polícia irá apurar a existência de uma rede de tráfico de crianças por trás do caso.
“É a ponta de um iceberg. A nossa investigação, uma das linhas era essa, de que era uma quadrilha que fazia tráfico de pessoas, fazia adoção ilegal. Tanto é que ela, a mãe da criança, entregou a certidão e a carteira de vacinação para a Roberta, que veio aqui buscar a criança”, disse a delegada Sandra Mara.
Segundo a secretaria, a criança ainda está sob a jurisdição da cidade de São Paulo. De acordo com Ulisses Gabriel, a avó materna ficará com a guarda da criança assim que ela retornar à Santa Catarina.
“Infelizmente [o bebê] ainda não retornou para a casa. Mas podemos assegurar que ele se encontra em local seguro.”
“A criança está extremamente fragilizada. Se isso é difícil para nós adultos, imagina para uma criança que teve que ouvir vozes diferentes, mudar sua rotina de sono e seus hábitos alimentares”, completou.
As investigações prosseguem e assim que o inquérito for concluído será enviado ao Ministério Público.
Cronologia do desaparecimento
- 30 de abril: menino foi visto pela última vez com a mãe pela avó materna, na Grande Florianópolis;
- 1ª de maio: avó do menino perguntou à filha sobre o menino. Mulher disse que a criança estava na casa de uma amiga;
- 2 de maio: mãe do menino foi hospitalizada desacordada;
- 3 de maio: avó entrou em contato com amiga da mãe do menino, que informou que não estava com ele. Ela teria indicado que a criança poderia estar com o suposto pai da criança; Na família do suposto genitor ele não foi encontrado pela avó;
- 4 de maio: avó procurou a Polícia Civil.