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Maranhense encontra em Santa Catarina a chance de reconstruir o rosto e a vida

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Projeto Leozinho oferece, de forma gratuita, cirurgias de reconstrução facial a pacientes de todo o país que não têm condições de arcar com os custos.

Um maranhense de 40 anos, Luís Carlos Sanches Silva, encontrou no Sul de Santa Catarina uma nova esperança para tratar uma condição rara que o acompanha desde a infância.

Após décadas de sofrimento físico e emocional, ele está passando por uma série de cirurgias reconstrutivas em Araranguá, que já começaram a transformar sua capacidade de realizar funções básicas e a fortalecer sua autoestima.

A condição de Luís é a neurofibromatose, uma doença genética rara que provoca o crescimento de tumores benignos, principalmente no sistema nervoso. No seu caso, os tumores se manifestaram de forma agressiva no rosto, desenvolvendo-se continuamente ao longo da vida e gerando, além da deformidade, severas dificuldades e o peso do preconceito da sociedade.

A jornada por um tratamento eficaz foi longa e, por anos, frustrante. Morador do Maranhão, pai de dois filhos, Luís passou por diversas cirurgias em São Paulo entre 1993 e 2007, mas os resultados eram pouco satisfatórios.

A esperança foi renovada quando um amigo descobriu, pelas redes sociais, o trabalho do cirurgião bucomaxilofacial Raulino Brasil e seu “Projeto Leozinho”.

Idealizado pelo Dr. Raulino, o Projeto Leozinho oferece, de forma gratuita, cirurgias de reconstrução facial a pacientes de todo o país que não têm condições de arcar com os custos.

Ao receber uma foto e conhecer o caso de Luís, o médico o convidou para realizar o tratamento em seu hospital em Araranguá, no Sul catarinense.

Quando chegou a Santa Catarina, o estado de Luís era crítico. Segundo o cirurgião, a progressão da doença estava comprometendo funções vitais.

A situação estava comprometendo suas funções básicas”, afirmou o médico, destacando que o paciente enfrentava severas dificuldades para respirar, se alimentar e até mesmo beber água devido à dimensão que os tumores haviam alcançado.

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A neurofibromatose começou a dar seus primeiros sinais quando Luís tinha apenas cinco anos. “Minha mãe que desconfiou que meu rosto estava crescendo”, relatou ele.

A evolução foi rápida e dramática, a ponto de, aos seis anos, o rosto já estar “batendo no peito”, uma imagem que ilustra o quão precoce e severa foi a manifestação da doença em sua vida.

Ao longo dos anos, o peso físico da condição foi acompanhado pelo fardo emocional do preconceito. Luís conta que os olhares e comentários eram constantes.

“Quando eu saía de ônibus, ninguém sentava do meu lado. Ficavam em pé, mas não sentavam do lado. Não encostavam também em mim”, desabafou, revelando a dolorosa exclusão que enfrentava no dia a dia.

O tratamento em Santa Catarina representa um ponto de virada. As duas primeiras cirurgias, consideradas as mais complexas, já foram realizadas com sucesso, removendo entre 500 e 700 gramas de tumores.

Apesar da complexidade, que exigiu um dia de observação na UTI, Luís se recuperou bem e já sente os benefícios. “Com a cirurgia já melhorou. A comida já não cai tanto [da boca]”, comemora.

O caminho, no entanto, ainda é longo. A previsão é que Luís permaneça em Araranguá por mais seis meses para a realização de pelo menos outras oito cirurgias, com todos os custos cobertos pelo projeto.

“A gente vai continuar para melhorar mais a qualidade de vida e a parte de autoestima, né? Que eu acho que é muito importante”, explicou o Dr. Raulino Brasil sobre as próximas etapas.

Com a confiança renovada, Luís Carlos olha para o futuro com otimismo e deixa uma mensagem poderosa contra o preconceito que sofreu.

“Eu já tinha a minha autoestima boa. Agora está melhor ainda por esse resultado. Quero continuar vivendo mais e mais com a minha família”, afirma. “Todo mundo é ser humano. Apesar das diferenças físicas, somos todos iguais”.